Para muitos, se permitir envelhecer é... Sandra Cristina de Carvalho
Para muitos, se permitir envelhecer é se desprezar.
E com essa visão buscam-se alternativas tecnológicas para distrair o tempo: procedimentos cirúrgicos, recursos usados para conservar ou restabelecer a pele, preenchimentos, aplicações de toxinas, etc.
Não sou contra que se tenham cuidados com a pele.
Quem não gostaria de retardar o envelhecimento ou mesmo evitá-lo?
A questão é até onde devemos ir nessa busca incessante pela eterna juventude?
Pelo excesso de vaidade, as mulheres estão envelhecendo fora dos padrões convencionais da chamada melhor idade. Podemos, sim, nos cuidar.
Afinal de contas, estamos em novos tempos, em que as mulheres se tornaram mais joviais, e muitas se vestem como suas filhas.
Porém, no que se refere aos exageros em busca da eterna juventude muitas mulheres preferem a ilusão de uma juventude inexistente, e não é incomum vermos faces totalmente descaracterizadas.
E o que elas enxergam no espelho não é a verdadeira manifestação da verdade.
A palavra dignidade ganhou uma nova conotação, nesse mundo onde a aparência física se tornou mais importante que a interior.
Se permitir envelhecer é, nos dias de hoje, perder a dignidade.
As indústrias do rejuvenescimento aliadas à pressão das mídias, que estão sempre nos impondo o modelo ideal do corpo feminino acabam por influenciar àquelas que não se sentem dentro do padrão estabelecido pela ditadura do corpo e/ou da eterna juventude.
A pergunta era: com que roupa eu vou?
Em tempos atuais é: com que cara, ou corpo eu vou?