DEPRESSÃO NÃO SE CURA COM BAND-AID... Lucilene Pinheiro (Leninha...
DEPRESSÃO NÃO SE CURA COM BAND-AID
Sobre viver a noite escura da alma.
Meu interior está completamente destroçado. Conforme os dias vão passando, eu mergulho mais na dor. Estou totalmente indefesa e imensamente sensível. O pior é a sensação de solidão. Eu gostaria de ter o controle da minha vida; descobri a depressão há alguns anos atrás e tive que aprender a conviver com ela. Graças a Deus e ao meu pai na fé eu pude buscar um tratamento. Agora vou tentar explicar para aqueles que não sabem o que é a depressão. Existem diversos sintomas e várias causas. (Pesquisem! Se eu for listar aqui o texto vai ficar gigantesco)
Precisamos falar sobre esse assunto que muitos julgam "Frescura" ou "falta do que fazer".
Então vamos lá, eu nunca imaginei que ficaria dessa forma. Provavelmente se não acontecesse comigo eu também diria que é frescura ou exagero, por ignorância.
Muitas vezes, sinto como se parte de mim estivesse quebrada, de tanta dor na alma. Percebi que o melhor a fazer é deixar doer, sabe por quê? Porque os remédios só enganam a dor. É uma dor muito profunda que não se cura em hospitais. Eu sempre pensei que era fraqueza da minha parte, mas pude perceber ao longo desses anos que para suportar tudo isso era necessário muita força, resistência e presistência para não sucumbir. Essa força é a fé que nos alenta, por sabermos que até a dor mais profunda um dia acaba. Eu tenho esperança de um dia gritar EU VENCI.
Deixa eu fazer um pequeno comentário. Nada adianta fingir que não está doendo; escuto muito assim, vai ler alguma coisa, escuta uma música ou tenta pensar em alguma coisa alegre... Gente, não adianta porque a dor da alma precisa ser extinta completamente e tentar driblá-la não é eficaz nem permite que se chegue ao desapego que cura, porque a dor fica pulsando ali. É como se fosse um luto.
Eu sempre me senti muito culpada com o que houve comigo e isso me cegou por muitos anos, tenho muita vergonha de estar assim. No tratamento, para você ter resultado é preciso enfrentar a realidade e eu não aceitava de forma alguma estar doente. Durante esses anos de tratamento tive meu pai na fé do meu lado, ele nunca me deixou sozinha, eu tive muito medo, tenho até hoje, sofri com as lembranças e ele sofreu junto comigo muitas vezes. Me salvou de mim, me salvou da morte. Me trouxe esperança quando eu não acreditava mais. Deus colocou meu pai no meu caminho para o meu coração poder descansar, encontrar um abrigo.
Eu errei muitas vezes, sofri e sofro muito por não conseguir falar. Daí eu já imagino você pensando assim: "mas você é sempre espontânea, fala pelos cotovelos". Tenho esse problema, quando o assunto sou eu, tudo trava. Eu tive milhares de crises, enfrentei o transtorno do pânico, tentei tirar minha vida algumas vezes, me machuquei muito, queimava meu próprio braço porque eu achava que causando uma dor a dor da alma sumiria. Eu era ingênua, era não, ainda sou.
Minha alma está ferida, sinto um vazio tão doloroso, uma sensação sufocante, meu peito dói, minha cabeça dói, minha alma parece ter sido despedaçada. Que isso, Leninha?
Isso é a depressão, a morte em vida, ela vai tirando tudo que você tem, sua alegria de viver desaparece e você fica sem defesa.
Eu cai novamente, mas creio que Deus me colocará de pé. Sirvo a um Deus vivo! Sofro por ser humana, falha e não desisto porque, apesar de quebrada, a esperança de melhorar está aqui em algum lugar no meu coração. Está aqui, eu sei... Não estou escrevendo para você sentir peninha de mim não. Pelo contrário, já me levantei muitas vezes. Hoje eu sei que isso não é fraqueza, estou lutando e vou vencer. Eu estou em um silêncio muito cruel, se eu não escrever eu vou morrer, porque isso ta me sufocando. Mas você ta se expondo muito? Não se preocupe com minha vida, isso serve de alerta. Quando alguém que você conhece tiver em um momento de tristeza não critique, não zombe, não dê as costas. Estenda as mãos, fique perto.
Seja canal de graça.
Depressão é Luta!!!
Obrigada. De nada.
Lucilene Pinheiro da Silva (Leninha)
obs: Sim essa história e minha!