A Porta e a Rosa Se desamassar uma... Hélio Françozo Junior
A Porta e a Rosa
Se desamassar uma folha de papel, algumas palavras ainda poderão ser escritas nela, mas as marcas ainda permanecerão nela. Um coração partido pode ser concertado, mesmo que as cicatrizes estejam lá.
As vezes um coração partido é como uma velha casa que precisa reparar o que está quebrado. Seu único morador a concerta aos poucos em silêncio. Portas e janelas fechadas, para a sua própria proteção, mantendo o que ainda existe lá dentro a salvo. Mas sempre fica uma porta destrancada... Sempre fica uma porta entreaberta...
Pela porta entreaberta ela entrou, não se importou com o estado da casa, quis conhecer o seu interior, e lá dentro ela falou ao morador "Posso entrar? Gostaria de conhecer a sua casa", sua voz era suave, seu perfume sutil, um sorriso cativante um brilho no olhar. E ele respondeu "A casa está vazia, não sei se gostaria de conhecer...". E novamente ela falou "Me mostre sua casa aos poucos, assim voltarei outras vezes".
E assim aconteceu, uma primeira visita ela fez e por outras vezes ela voltou, a casa que outrora precisa de concerto, aos poucos o morador a reparou. Nem todos os dias ela o visitava, mas o morador sempre arrumava a casa esperando por sua vinda.
O morador ainda não mostrou toda a casa, há um lugar especial, há um jardim. Ele prepara o jardim, e será neste lugar que irá cuidar da sua Rosa...
Mas será ela a Rosa? O morador não tem certeza, mas ele deseja que sim...
Enquanto isso o morador vai deixar a mesma porta entreaberta, para que, se ela quiser, entre novamente e conheça o jardim...
No jardim do morador, Rosa se escreve com L ...