Uma pessoa aparentemente feliz.... Tere Tavares
Uma pessoa aparentemente feliz. Talvez lhe faltasse autoestima algum amor. O sorriso em desalinho. Os maltratados dentes. Soube-a imediatamente ao conhecê-la da sua solidão agravada pela dedicação à casa decadente e adoecida antiga como a sua disposição para buscar uma saída mais honrosa e vivificante. Desilusões ao longo da vida não deveriam servir aos desânimos ou aos desestímulos. As unhas por fazer as raízes brancas nos cabelos. A maquiagem avessa. A tez seca. Queixas esquecidas. Roupas sem uso. Puídas. Abandono de egos e vaidades. As agulhas ímpares e branquíssimas como se entremeadas por fios de caramelo. A cabeça nas nuvens só para destoar dos amanheceres e crepúsculos mais ardentes. As choupanas que visitara numa juventude passada. Machucada de lua. Não aprendera sobre as perdas. Que só os que sabem do desapego conservam a dignidade e resistem.