Cidade ó blues de cruciais... Donizete Galvão

Cidade

ó blues de cruciais impossibilidades
dores de amores inexistentes
rosas amarelas mortas no apartamento
beijos e salivas nas tardes desérticas

ó visão depressiva do asfalto molhado
prédios encardidos & horda dos bárbaros
arquitetura de guerra de dias provisórios
espelho poluído da cidade da chuva

ó mundo artificial com sua natureza de néon
espetáculo de vitrines e exibições
nada de eterno palpita no seu coração
tudo já nasce velho para ser refeito amanhã.

Donizete Galvão Azul navalha. São Paulo: T. A. Queiroz Editor Ltda, 1988.