não é só encher o tempo em... Paquito Masiá Herrera
não é só encher o tempo em garrafas plásticas que esvaziam durante o dia, estas que são o melhor bálsamo para a sede de distração do pensar que trai o hoje no amanhã.
não é só separar o tempo em pílulas dele próprio, sedativos do esperar a esperança receitada em drágeas e conta gotas.
não é só arrumar a cama, leito de um suspiro bocejado do sono lento do findar de mais um dia do lado de lá.
voltas, revoltas, quedas, solo, solo pátria que atrai e repulsa, reflexo do novo que tira a base e nos trai.
pontos que marcam e costuram a velocidade do instante desapercebido e sem retorno do desequilíbrio desleal do ainda desconhecido de cada instante.
acordar e perceber o ontem, que o hoje já não mais copia, o espaço que ganha nova dimensão de tempo percorrido, nova programação cerebral do hábito nem percebido através do uso agora racional de um novo passar.
o mover do pé, de um dedo, do levantar, do piscar, do respirar, do engolir sem sentir, sem saber e... de repente se vai, não mais o é, talvez nunca mais.
o que são essas perdas?
o que é e como saber perder?
como ganhar com a derrota imposta escolhida sem saber?