A recíproca da vida Eu não nasci em... Fatima Gomes Cardoso De...
A recíproca da vida
Eu não nasci em uma família tradicional, mas conquistei famílias fidedignas que me encaminharam até as portas da minha adolescência.
Não tive a formatura da escola tampouco dancei a valsa com meu pai. Aprendi a ser coreógrafa na dança da minha própria vida. Quando eu era criança, eu contava uma história para eu dormir. O nome da história era minha própria história. Eu me cobria depois para me proteger dos ventos que vinham através das frestas da janela do quarto.
Nunca fui coitadinha, mas autora iniciante da minha própria história. Na escola, eu só precisava mesmo de um lápis, uma caneta, uma borracha e um caderno. Minha mochila era uma sacola plástica. Nos meus pés, eu calçava um tênis azul, vestia uma camiseta branca e uma saia de preguinha azul, meias brancas nos pés, mas algumas vezes fui para escola de chinelo de dedo. Mas, acreditem, eu era feliz! Porque eu estava buscando algo que ninguém conseguiria tirar de mim futuramente: o conhecimento. Sempre fui muito observadora com tudo, com todos e com todas as coisas ao meu redor. Podia estar em qualquer lugar, lá estava eu aprendendo, copiando tudo, seguindo a cartilha da vida, ''caminhos quase suaves''.
Parei de estudar com quinze nos de idade, mas às vezes volto e retomo de onde eu parei, vou um pouco adiante e paro para uma pausa. Acredito que mais que uma meta é poder agregar pessoas que eu amo.
Às vezes eu me recuo, outras vezes eu saio de cena, mas continuo nos bastidores aprimorando meus conhecimentos. Nessa vida, já fui aluna e também professora, são títulos que a própria vida se encarrega de nos dar, conforme nossas experiências.
Já fui ponte e já fui chão. Fui me adaptando no meu próprio habitat. Todas as pessoas que passaram pelo meu caminho, deixaram flores ou espinhos, mas elas também tiveram de mim as mesmas coisas.
A vida é mesmo uma recíproca.