Espantalho do Somos Nossos Próprios... Marcelo Rissma
Espantalho do Somos Nossos Próprios Salvadores
“Mas, o fato de podermos resistir à graça divina não nos torna, como alguns deterministas argumentam, os nossos próprios salvadores”?
Respondo ao espantalho calvinista: Claro que não! Esse argumento é tremendamente falacioso. Em primeiro lugar, como enfatizava Wesley, a salvação, por ser uma dádiva que não podemos produzir e adquirir de forma alguma por nós mesmos é “totalmente livre”; ela “não depende de nenhum poder nem mérito do homem, em nenhum grau, nem no todo, nem em parte” (1)
A esse respeito, a analogia do rico e do mendigo, feita por Armínio é perfeita:
"Um homem rico concede, a um pobre e faminto mendigo, esmolas com as quais ele pode sustentar a si mesmo e à sua família. Isso deixa de ser um presente puro porque o mendigo estende a mão para recebê-lo? Pode-se dizer, com propriedade, que ‘a esmola dependeu, em parte, da liberalidade do doador e parcialmente da liberdade do recebedor’, embora o último não tomaria posse da esmola a menos que a tivesse recebido estendendo a mão? Pode-se dizer corretamente que, porque o mendigo está sempre preparado para receber, ‘ele pode receber ou não a esmola, conforme quiser’? Se essas afirmações sobre o mendigo que recebe a esmola não puderem verdadeiramente ser feitas, muito menos podem ser feitas com relação ao dom da fé, cujo recebimento requer muito mais atos da graça divina."(2)
Mesmo o mendigo podendo estender a mão, a dádiva continua sendo uma dádiva. Mesmo o mendigo podendo estender a mão, a dádiva continua dependendo totalmente da liberdade do doador. Mesmo o mendigo se preparando para receber a dádiva, seu preparo não é o que lhe garante a dádiva, mas, sim, a liberdade do doador. Só isso já é suficiente para deixar claro que o mérito é todo de Deus, não nosso.
Pense nisso e cuidado com as narrativas falaciosas e espantalhos dos calvinistas.
No Amor do Abba Pater, Marcelo Rissma.
Referências:
(1) WESLEY, John, A Teologia de John Wesley, 2010, CPAD, p. 220.
(2) ARMÍNIO, Jacó, As Obras de Armínio, CPAD, volume 1, 2015, p. 330