A liberdade que nos aprisiona. Talvez... Weslley Marcelo Massako...
A liberdade que nos aprisiona.
Talvez a liberdade seja um dos conceitos mais defendidos pela humanidade. Se formos olhar com calma o conceito de liberdade, veremos que em sua expressão maior, se destaca a qualidade de agir por seu livre arbítrio, desde que não prejudique outra pessoa. Sim, para ser livre é necessário que se cumpra a outra parte, pois somos livres para fazer nossas escolhas, desde que não prejudiquemos outras pessoas.
Se a liberdade está condicionada, logo, ela é relativa, inexistindo a liberdade absoluta, pois esta em algum momento esbarrará na liberdade de outrem. Então faço a provocação: Será então a liberdade apenas uma ilusão? Será que somos programados para acreditarmos que somos livres? Será que somos libertos?
O escritor Pablo Neruda cita que: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. O professor Steve Beckman diz que: “Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”. A Bíblia em 1 Coríntios 6:12, está escrito que: “Todas as coisas me são licitas, mas nem todas as coisas convêm”. O Alcorão na sura 2:223, revela: “Desfrutai, pois, da vossa semeadura, como voz apraz...” Ele diz: “Se tivessem decidido ir, ter-se-iam preparado para isso” Alcorão 9:46. Seja na literatura, nos escritos sagrados, na sabedoria popular, a ideia de liberdade sempre está atrelada a alguma condição.
Desde que nascemos, somos doutrinados a viver dentro de um padrão de comportamento. Padrão este aceito pela maioria social; quem quebra este pacto, é naturalmente excluído do grupo. Ora, é sabido que a sociedade evoluiu em razão das regras e normas necessárias para o desenvolvimento desta. Normas, leis, regras, costumes, são apenas métodos que visam o pacificamento do ser e a sua aceitação em um determinado meio.
Mas, este condicionamento social é amplo e permeia toda a sua vida lhe aprisionando.
Somos presos às convenções sociais, as regras familiares, aos costumes e até mesmo as “modinhas sociais” que ora surgem. Nosso comportamento é regrado e observado. Somos eternos vigilantes da liberdade própria e alheia.
Se a minha vida está condicionada, então, não sou livre, sou no mínimo escravo das convenções. Um prisioneiro feliz, dos usos e costumes sociais a qual pertenço. E o pior, eu acredito que sou feliz mesmo!
Quando acreditamos que tudo está funcionando bem, apesar das situações controversas e as vezes bizarras do cotidiano, posso entender que chegamos ao ápice da liberdade aprisionada, pois, nossa capacidade de pensar fora da bolha, se esvaiu.
Será que a nossa capacidade de discernimento tem força suficiente para romper a bolha na qual estamos aprisionados? Ou, ficamos felizes em seguir aquilo que a sociedade aceita como normal, para não ser um estranho nesta?
Tais rompimentos e observações podem ser vistos e analisados, inicialmente nos costumes de um determinado grupo ou sociedade. Muitas vezes algo que é proibido hoje, será tolerado amanhã, aceito depois de amanhã e obrigatório algum dia. Isso porque a sociedade é sensível aos seus impulsos e desejos e, nunca fica inerte. A estagnação não é aceita no universo, embora alguns movimentos, possam se mostrar inicialmente ou futuramente prejudiciais a esta mesma sociedade que implementa tais ações.
Somos livres para pensar, mas, qual pensamento é de fato original? Qual pensamento é livre de influências ou puro em sua origem? Se, somos um ajuntamento de experiências diversas, de saberes distintos, adquiridos através de outros seres e observações feitas, não somos de fato “originais”. Neste momento, quando escrevo, questiono a minha originalidade.
Se sou livre para apenas seguir as regras, se minha liberdade é condicionada as regras, sou na verdade um ser aprisionado. Um preso-livre, mas feliz.
Talvez por essa questão o pecado e o erro exerçam sua atração. Nós momentos íntimos, escondido no recôndito de nosso ser, as vezes quebramos em pensamento as regras e as convenções sociais. Ora, quem nunca imaginou poder fazer algo, além de suas capacidades? Se afirmei há pouco que a liberdade nos aprisiona, posso neste momento aceitar que as ideias classificadas como estranhas, podem nos trazer sanidade.
Esta dualidade tem que ser melhor compreendida, se a liberdade gesta qualquer tipo de prisão, ela inexiste.
Massako