Agora é como eu estivesse... Gabriel PinOli gapinoli
Agora é como eu estivesse desembrulhando um presente mas não de pressa assim como faria uma criança, devagar, com calma, sem ânsia de saber o que tem dentro do embrulho, até pq já sei...
Entendo agora onde errei, quando a conheci, ela me conquistou, me seduziu, errei em ter dado ouvidos a ela, só a ela, sei até onde cheguei mas só agora sei quanto tempo perdi dando voltas de mãos dadas com ela, ela com aquelas mãos macias tomou as minhas, eu só tinha ouvidos para ela, a Rotina, não confiava em mais nada além dela, a Rotina, ela estava fazendo da minha vida o sinônimo de seu nome, eu estava cego por ela, Rotina, sonsa Rotina...
Eu sei pq dormi, e sei pq renasci, sei exatamente o que tem dentro desse embrulho dado por Deus, vida, vida.
Quem nunca falou sem perceber, criança ou mesmo que adulto que se fosse pra morrer, gostaria de acordar morto, quando o assunto era morrer, em toda minha vida minha resposta sobre como gostaria era óbvia e acho que a maioria de nós humanos responderíamos o mesmo, dormindo, sem dor, sem choro, sem angustia, só o acordar morto que é um tanto impossível, ou você morre ou acorda, né...
A dois dias cheguei próximo a essa experiência, próximo o suficiente de aprender algo com ela, tive a chance de dormindo morrer e a perdi, tive a chance de acordar morto, mas não morri, dormia, e acordei, ou renasci, vivi, a morte não me quis, achei que era um sonho e que eu precisava acordar daquele sonho ruim e doloroso, mas quanto mais tentava sair daquele pesadelo e não conseguia, mais me angustiava, mais eu chorava, quanto mais eu tentava mais eu me sentia vivo, eu estava acordado, quanto mais tentei mais me senti humano, humano que sou, humano que encara e tem quer ser.
Eu estava vivo, eu podia sentir isso, eu podia respirar, eu podia falar, era tudo real.
É estranho pensar que hoje estou vivo, mas poderia não estar, eu poderia ter morrido, mas estou aqui.
A rotina me deixou lá sozinho com frio e com medo, a Rotina me deixou, me deixou pq acordei da morte, a morte que vivo vivi por tempos de mãos dadas com ela, mas então eu vivi só que de verdade e vi, ela se foi. Não volte. Adeus Rotina.
A um tempo atrás quando eu era criança se o tema era a morte ou eu fugia desse assunto ou eu falava que gostaria de acordar morto, cheguei próximo a essa experiência, próximo o suficiente de aprender algo com ela, tive a chance de dormindo morrer e a perdi, perdi mas ganhei, ganhei o mais belo presente que alguém pode ganhar em toda sua vida, normalmente só ganhamos uma vez, eu ganhei pela segunda e me sinto honrado por isso, desembrulhei devagar, com calma, sem ânsia de saber o que tem dentro do embrulho... Até pq já sei segundo o nome do Remetente, Deus, Vida.
Agora o vento está batendo, ouso pássaros, estou vivo em minha varanda, sinto dor, tenho mais algumas cicatrizes, mas como eu disse uma vez a respeito dessa vida, um homem sem cicatrizes é um homem sem História, com o tamanho dessa cicatriz posso dizer eu escrevi algumas longas paginas a mais da minha vida.
A respeito dessa vida, ela parece mais bonita, o céu está mais azul, o sol mais quente, observo o vento que tem o poder de fazer as arvores falarem, as buzinas se tornaram musicas (por enquanto pelo menos), os sentimentos estão aqui, eu estou vivo, mais uma vez.
Tudo novo, não tudo velho de novo, tenho a chance de recomeçar, reescrever, fazer melhor, estou vivo, como um presente de Deus.
Sou grato.
Graças a Deus.