"É tolice querer enganar a... Sidney Silveira
"É tolice querer enganar a tristeza com pequenas distrações ou fingir que ela simplesmente não existe, escondê-la, varrê-la para debaixo de um tapete inexistente. Quem assim procede armazena-a nalgum recanto d'alma onde continua viva em segredo, pronta a dar notícia de si mesma de uma hora para outra.
A tristeza escondida é uma tensão que se vai acumulando e logo afeta física e psiquicamente a pessoa, prostra-a. Conforme o tempo passa, quem a padece passa a não mais identificar onde tudo começou, e muitas vezes atribui-lhe causas irreais, o que agrava deveras a situação, porque então a amargura se soma à tristeza.
Triste e armargurada, se não tomar cuidado a pessoa corre o risco de deixar crescer outro mal secreto em seu coração: um sentimento de vingança contra eventuais pessoas que a desagradaram por qualquer coisa, assim como um ressentimento contra gente genuinamente alegre, sem mais nem menos. Sim, quem tenta enganar a própria tristeza planta na alma uma semente de crueldade e indiferença, sem o saber.
Há certas paixões que não podem ser combatidas com placebos nem com autoenganos pontuais, pois cedo ou tarde a realidade se impõe, e com um peso proporcional ao tempo em que a pessoa mentiu para si mesma, seja por que motivo for.
Chorar, rezar e buscar a companhia de verdadeiros amigos são atitudes bem melhores do que fugir à dor, pelo seguinte motivo: a balança das dores e prazeres não é como a da justiça, pois quando pende para um dos lados geralmente arrebenta.
Outro procedimento razoável é meditar a respeito do que suscitou a tristeza, pois sabemos que há tristezas sumamente injustas.
Por fim, quem crê verdadeiramente em Deus pode – e deve – pedir-Lhe luzes, discernimento.
Só é capaz de ser alegre quem sabe ser triste, quando a situação exige.
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Algumas personalidades instagrâmicas ilustram bem isto: são cruéis na exata medida da sua falsa alegria".