Dia internacional do agradecimento -... Graça Leal
Dia internacional do agradecimento - 11 de janeiro
Para agradecer não precisamos de uma data específica. Todos os dias, ao amanhecer e ao deitarmos as nossas cabeças nos nossos travesseiros, temos motivos para agradecer pelo dia de vida. Agradecer pela saúde, pelo teto, pelo alimento e por tantas outras conquistas e condições que mobilizam os nossos corações a nos sentirmos felizes e reconhecedores de um bem vindo do outro ou do universo divino.
Até nas experiências poucos agradáveis de serem vividas, temos sempre algo de positivo que nos leva ao aprendizado, consequentemente tornam-se também um motivo para agradecermos, mais cedo ou mais tarde.
Mas lembre-se: sermos gratos ao outro não significa nos tornarmos um eterno objeto funcional cuja a finalidade é suprir, incondicionalmente, as demandas e exigências muitas vezes autoritárias e/ou desequilibradas e/ou desproporcionais e que tenham um perfil de frustração no outro quando este, vazio na sua essência, por alguma razão, se sente no direito de cobrar por um bem que em algum momento nos foi ofertado, de forma direta ou indireta.
Retribuir de coração, sim. Se prestar à simples condição de serviçal psiquicoemocional não.
Dizer obrigado(a) por tudo, sem exceção, é muito relativo. Se algo, alguém ou algum evento ao invés de promover aprendizado, só promove dor, tragédia, injustiça, desgraça, por exemplo, não creio que seja passível de um "muito obrigado(a)" dentro de um parâmetro de satisfação e gratidão plenas. Nestes casos, sugiro uma reflexão sobre o tema, bem como sobre as suas consequências, antes de etiquetar o evento como algo que você deva ser grato(a) de olhos fechados.
Já me manifestei, em um outro texto, sobre a "modinha do momento" no uso das palavras "gratidão e gratiluz". Nada contra elas, no sentido literal. Eu mesma uso o termo gratidão, eventualmente. Muito eventualmente mesmo, pois me policio para não parecer que pertenço a algum grupo com práticas alienantes. Contudo, quando ditas com uma conotação claramente robotizada, em um sentido notório de uma doutrinação que leva a verbalização destas palavras de forma repetida a fim de se estabelecer socialmente uma suposta evolução espiritual de quem a expressa soa, para muitos, que não fazem parte de um clã normativo, como uma total perda de identidade e, igualmente, da espontaneidade na manifestação do agradecimento.
Penso que a verdadeira evolução, seja da espécie, seja do espírito, está diretamente ligada à absorção de conceitos, valores, práticas, trocas e objetivos que estejam muito mais voltados para tudo que propaga a sinceridade, que escancara a narureza do sentir sem filtro e sem oportunismo do que para atender uma vaidade individual ou coletiva. Porém, para isso é preciso exterminar a hipocrisia nas relações e o narcisismo contemporâneo. Isto, sim, é o grande desafio a ser enfrentado para que o universo emane gratidão pelo planeta.
Ou você também é grato(a), bem como sente-se confortável diante das farsas que te rodeiam?
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