Para 2024, um dos meus desejos é que... Graça Leal
Para 2024, um dos meus desejos é que o modismo insano no uso da palavra GRATIDÃO seja substituído pela antiga, funcional e sincera palavra OBRIGADO(A) verbalizada em um tempo onde havia mais verdade no agradecimento e ninguém precisava de plateia para reconhecer um bem recebido, fosse ele advindo do universo ou de alguém.
Não sou uma nostálgica, ao ponto de resistir ao novo, mas é frustrante vir tantos movimentos novos, com rótulos místicos, que não passam de uma ilustração da alienação de alguns que acreditam em qualquer coisa, bem como investem as suas carências em tudo que demanda este místico, como forma de se autoafirmarem, serem bem vistos e aceitos no meio que, no fundo, os ignoram como indivíduos importantes, mas, ao mesmo tempo, neste meio, não falta quem os manipulem misticamente para que se sintam dignos de holofotes e reconhecimentos pela busca do progresso da sua alma.
Enquanto administram as vaidades dos seus adeptos, estes manipuladores muitas vezes enriquecem e, galgando até alcançarem o status de figuras poderosas, transitam entre a suposta missão e a notoriedade rentável.
O misticismo tem o seu papel no universo humano? Acredito que sim. E muito pode ajudar o indivíduo a entender o seu próprio universo interior. Porém, lamentavelmente, não falta quem acredite em qualquer coisa, como tábua de salvação, para se sentir evoluído, amparado e consequentemente, acabar por se juntar aos loucos com práticas inúteis. Sim, práticas inúteis.
Dizem que os verdadeiros sábios são loucos. Contudo, em geral, me parecem mais úteis, pois, com o tempo, descobre-se que eles têm uma certa coerência, são dotados de um curioso desprendimento da vaidade, não costumam ser papagaios, mas, sim, desenvolvedores de conceitos que, no mínimo, nos obrigam a refletir, incansavelmente, sobre eles antes de sairmos por aí multiplicando-os como se fossem um produto de uma fábrica, o qual acabou de ser finalizado, através de uma linha de produção, e encontra-se pronto para ser distribuído e consumido incondicionalmente.
Estes sábios, não raro, costumam deixar, para a humanidade, mensagens relevantes nas suas biografias. Eles costumam ser mais essenciais ao planeta do que muitos ditos "sãos" e atuais descobridores da roda que, envoltos no manto da falsa boa intenção, não passam de seres oportunistas e narcisistas tentando esconder os seus interesses enquanto trilham, de maneira oculta, os caminhos que possam lhes promover visibilidade social e conforto material.