Me chamaram de poeta Me chamaram de... Antonio Ferreira dos Santos
Me chamaram de poeta
Me chamaram de poeta
Mas poeta eu não sou
Em outras ocasiões
Me chamaram de cantor
Que gosta de poesia
E canta versos de amor
Eu cantei a primavera
O outono e o verão
O inverno ficou frio
Eu fiquei sem opção
Mas pra completar a rima
Eu vou cantar o sertão
Canto o galo de campina
A coruja e o bem-te-vi
Admiro a seriema
O cancão e a juriti
Que canta na capoeira
Lá na Serra do Oiti
O canário gorjeando
No pé de jacarandá
Tem a graúna que canta
Lá no pé de jatobá
Fazendo a sua homenagem
À majestade o sabiá
A abelha italiana
O inxu e o inxuí
Capuxu, abelha branca
A Cupira e o jati
Maribondo e jandaíra
O breu e o munduri
Tem o peba de carrasco
O preá e o tatu
O veado que desfila
Lá na Serra do Ipu
Tem o gato macambira
E o porco caititu
O sertanejo que brilha
Vivendo nesse lugar
Colhendo os frutos da terra
Curtindo o raio solar
Admirando a riqueza
E a cultura popular
O vaqueiro nordestino
Que vive a se destacar
Tocando a sua boiada
Nem tem tempo pra sonhar
E um violeiro cantando
Num galope à beira mar
Na sombra do juazeiro
Eu paro pra descansar
Apreciando a beleza
Que mora nesse lugar
Se aqui eu tenho tudo
Para que me aventurar?
Vivo de agricultura
Meu amigo, o que qui há?
Já estou aposentado
Para que me preocupar?
Vou armar a minha rede
Depois vou me balançar
A cidade é muito boa
Eu aqui e ela lá
Não quero a proximidade
"Pra mode" não me estressar
Daqui para o fim do ano
Eu irei lhe visitar
Sou sertanejo "de vera"
Já dá pra você notar
Moro aqui no sertão
Nem preciso explicar
Por isso eu digo e repito
Esse aqui é meu lugar