Alexandra ergueu as pálpebras... Nyll Mergello
Alexandra ergueu as pálpebras pesadas pelas gotas sedativas do clonazepam e me olhou involuntariamente como se contemplasse apenas o vazio.
- Pai, cadê a Flora?
- Hã?
- A Flora?
- Hã?
- A Flora
- Hã?
- A Flora?
Só então caí na real de sua semiconsciência.
- Dorme, querida, dorme.
Ela voltou ao mundo dos sonhos. Era apenas um daqueles pequenos delírios que temos enquanto dormimos e que por alguma razão agimos
como se estivéssemos acordados, mas na verdade estamos apenas devaneando numa subconsciência que beira a razão.
No fim das contas não nos lembraremos de nadica de nada ao despertar de fato. Mas aí fiquei eu com a inquietante pergunta:
Com o que ou com quem ela estava sonhando? Quem é Flora? Seria o amigo [ou amiga] imaginário de quem ela já me falou várias vezes,
mas que eu nunca levei a sério?