Relato de um renascimento:⁠ No dia 11... Júlia Figueiredo

Relato de um renascimento:⁠ No dia 11 de agosto de 2022 eu estava com amigos na Ponta de Corumbau, que significa “Lugar longe de tudo” em Tupi. Alguns ainda acr... Frase de Júlia Figueiredo.

Relato de um renascimento:⁠

No dia 11 de agosto de 2022 eu estava com amigos na Ponta de Corumbau, que significa “Lugar longe de tudo” em Tupi. Alguns ainda acrescentam: “e perto do paraíso”.

Corumbau estava no meu roteiro por causa do seu significado. Essa praia faz parte da Rota do descobrimento do Brasil, a qual eu havia planejado fazer de mochilão à pé. A rota também foi escolhida pelo nome. Eu estava me preparando: seria a rota do autodescobrimento.

Nesse dia estávamos especialmente cansados da noite anterior e resolvemos tirar um cochilo pós almoço. Eu dormi cerca de 20 min, o suficiente para ter um sonho impactante.

Sonhei com uma tela de celular preta com um ícone de agenda de tarefas escrito assim:

11 de agosto de 2022
Evento: Morte Júlia ✝️

Eu acordei impressionada, mas não quis dar tanta atenção, apesar de que na minha mente só havia um pensamento: de hoje não passo!

Mais tarde, havíamos planejado participar do ritual da lua cheia. Seria também a inauguração da Oca da Lua na aldeia indígena Porto do Boi (uma comunidade indígena Pataxó) e a última super lua do ano.

Durante a cerimônia, eu tive uma visão, o que chamo de uma imagem ou cena fixa na mente. E foi esta:

Eu estava dentro de um pequeno barco, sentada confortavelmente olhando para o horizonte, onde o sol se punha. Era uma penumbra de entardecer, acompanhada pela mata densa de mangues às margens do rio estreito, que desaguava no mar. O barquinho fluía sem qualquer intervenção minha. Em minha cabeça havia uma coroa de flores - delicada - como um ornamento artesanal. O detalhe que mais me impressionou na visão é que não havia remos no barquinho. Eu estava fluindo com o rio, rumo ao mar, como um delta, parte dele, com ele e através dele.

O interessante da visão é quando ela vem acompanhada da interpretação.
Logo que lembrei do meu sonho, compreendi e comecei a chorar compulsivamente.

Ainda era dia 11 de agosto e eu estava R E N A S C E N DO… leve, serena, e fita no presente. Sem precisar empurrar o barco. Sem tocar na direção. Deixando-me fluir na força do rio.

Então, lembrei imediatamente de Lispector em sua feliz advertência:

“A gente tem o direito de deixar o barco correr. As coisas de arranjam, não é preciso empurrar com tanta força”