Uma guerra em que não se ouve estrondos... Tere Tavares
Uma guerra em que não se ouve estrondos de bombas ou disparos de armamentos pesados. Mas das assustadoras sirenes das ambulâncias. O esquecimento engole velozmente a sucessão das mortes. As estrelas são as estatísticas. O silêncio pesa em todos os espaços. Sem passos o ser humano obriga-se a deter-se de forma inimaginável ante a sua natureza. Via dolorosa. Lumes vagam na escuridão narrada prolixamente. Extraio o sumo. Sumindo. Numa não soma. Vejo sobre a areia restos de festas. Do mar retorcido pela aridez cresce uma voz de fúria. Da profundez da Terra um organismo invisível avança multiplicando-se exponencialmente. Ninguém percebe seus sintomas. Sua necessidade de instalar-se e manter-se vivo. Toda a humanidade é punida. Haverá maior consciência enquanto se fala tanto em resiliência? A Terra necessita renascer. E age certo por vias holísticas e desconhecidas.