⁠Sara e a luz Sara nunca gostou do... Sol Miranda

⁠Sara e a luz Sara nunca gostou do escuro, da escuridão por assim dizer. Ela aprendeu a virar-se muito cedo, estava sempre só e ascendia uma vela para trazer um... Frase de Sol Miranda.

⁠Sara e a luz

Sara nunca gostou do escuro, da escuridão por assim dizer.
Ela aprendeu a virar-se muito cedo, estava sempre só e ascendia uma vela para trazer um pouquinho de luz.
O problema é que as velas constantemente apagavam-se.
As vezes o vento, outras vezes acabavam.
Fato é que Sara via-se no escuro com certa frequência e fazia tudo para fugir dali.
Determinada e um pouco sonhadora, sonhava que algum dia encontraria uma luz que nunca mais apagaria.
O tempo ia passado e a escuridão tornava-se mais assustadora ao ponto de Sara esconder todas as suas esperanças e meio que aceitar que aquele era o destino dela.
O problema é que tava ficando cada vez mais insuportável, tentar sobreviver sendo inundada pela escuridão, apareciam tempestades com frequência e sempre apagavam-se todas as velas.
Sara estava aterrorizada, sozinha, perdida.
Para tentar sobreviver ela criou uma ilusão de que estava tudo bem.
Funcionava quando ela distraia-se.
Certa vez, Sara estava em meio a uma crise, todas as velas tinham apagado e a tempestade não permitia ascender nenhuma. Desesperada ela procurava a luz.
Como um pontinho de claridade quase invisível ela notou algo que a intrigou.
Curiosa e apreensiva, ela aproximou-se um pouco mais e a medida que chegava mais perto, a luz aumentava.
Era uma luz encantadora, tal qual Sara jamais tinha visto, o que a fascinou.
A tempestade continuava mas Sara estava bem, era como se aquela luz a tornasse corajosa.
Bom... Vale só enfatizar que, as vezes Sara ficava um pouquinho apreensiva, com medo da luz apagar.
Creio que Sara tinha algumas crenças, uma delas era a de que a luz sempre a abandonava, outra de que ela não merecia a luz, que a luz era linda e magnífica e que em algum momento perceberia que ela não tinha nada a oferecer e então mesmo querendo acreditar que a luz estava na sua vida, Sara tinha medo de acordar no escuro mais dia, menos dia.
Então em uma determinada noite aquela luz brilhou o mais intenso e forte e profundo que ela poderia e Sara rendeu-se, entregou-se à luz, misturaram-se ao ponto dela sentir-se fazendo parte da luz, como se a luz sempre estivesse alí, foi tão natural, Sara estava iluminada, radiante, transparente e completamente envolvida, descuidou-se, perdeu os medos, alçou vôos incríveis em direção à luz.
... Quando Sara estava bem próxima, estendeu-lhe a mão e do nada surgiu uma porta e fechou-se diante dos olhos de Sara, deixando-a na mais completa e total escuridão, até aí tudo bem, Sara conhecia a escuridão e poderia lidar com ela.
No entanto ela estava no alto, flutuando, tinha retirado seus pés da terra firme que embora estivesse escuro, ela ainda sabia onde pisava.
No momento que a porta fechou e a escuridão tomou-a, ela fechou os olhos na esperança de abrir e ver novamente a luz, mas ela estava caindo, uma queda alta e brusca que quase a quebrou inteira, não fosse tamanha resistência.
Machucou-se, feriu -se, ficou um pouco tonta e desnorteada, chorou por três dias e três noites, desesperada ela procurava pela luz em todos os lugares e não encontrou nada.
No quarto dia a luz apareceu, um pouco tímida, não parecia a mesma luz, estava brilhando menos, mas Sara também já não era a mesma, um pouco assustada e muito apreensiva Sara retomou sua interação com a luz.
Pobre Sara, já era impossível imaginar sua vida sem aquela luz que iluminava toda sua existência.