⁠OUTREM Observando o local onde moro,... Filipe Feros

⁠OUTREM Observando o local onde moro, percebi que não tenho casa, não tenho paredes para sustentar meus delírios não tenho chão para deitar minhas mágoas, não t... Frase de Filipe Feros.

⁠OUTREM

Observando o local onde moro, percebi que não tenho casa,
não tenho paredes para sustentar meus delírios
não tenho chão para deitar minhas mágoas,
não tenho teto para proteger meus problemas,
o que me resta é a bagunça interna.
Sou um verdadeiro mendigo de sentimentos.
Escondo-me atrás de dívidas, essas que nem minha vida paga,
não há ouro na terra para quitar minhas ilusões,
tenho fugido das ameças de agiotas,
esses que me cobram amor.
Sou um rapaz alto, o suficiente para ser notado por uma legião de ignorantes,
sou também franzino, desnutrido de esperanças,
tenho sobrevivido me alimentando apenas de desejos,
disso não tenho o que reclamar,
sou dono de volúpias fartas, de carnes magras e de boas plantações que não dão frutos.
Realmente, não tenho o que reclamar dos meus desejos por tragédias...

Tenho uma rotina preguiçosa, ao acordar entrelaço meus punhos aos calcanhares,
no café da manhã, a refeição mais importante do dia,
recebo chicotadas de meus atos, preciso me alimentar do remorso de minhas decisões,
pra ter forças para me torturar.
Minha única obrigação, é ser vítima de mim mesmo,
fazer o meu próprio drama, ofício que não reconheço.
Para ser sincero, tenho outras obrigações,
mas fujo delas, para que no fim do dia,
eu possa me arrepender por não realiza-las.
Não tomo banho, a conta de água está atrasada,
não vejo necessidade em paga-la,
para quê água se tenho saliva em minha boca?
Os humanos são muito tolos,
só sabem viver e negam a importância da sobrevivência,
são infelizes com seus falsos amores,
refletindo em mim, suas frustrações excessivas,
depressões e problemas mentais.
Não...Eu não me responsabilizo por suas lágrimas derramadas,
desconheço a culpa de tuas tristezas.

Meu único dono é a noite, sentimento lúgubre sinto por tal momento,
nos lugares mais altos da cidade canto em tua louvação.
Solto de minha garganta, toda aflição e agonia
que sinto por está vivo.
Rasgo o descanso das almas cansadas com minha voz aguda,
timbre que recebi da morte.
Me atiram paus e pedras, por seguir o meu instinto,
tenho que me diminuir para caber em espaços vazios,
não desvio dos arremessos, continuo em sua mira,
e mesmo assim, essas pessoas arrogantes,
insistem em errarem minha existência.
Não há leis que me cabem e nem regras que preciso seguir,
brinco com a minha liberdade antes de engoli-la,
nunca estou satisfeito, tenho fome de novos horizontes,
para eu poder me deitar,
independente de onde esteja o caos.