Na complexidade do óbvio reside um... Magaiver Braga
Na complexidade do óbvio reside um enigma,
Onde apenas dúvidas, não razões, são extraídas.
Palavras venenosas pairam acima das presas das serpentes,
E lamentáveis são as falsas testemunhas que,
Da boca dos autoproclamados filhos do Criador, brotam.
Condenados estão por suas mentiras.
Por meio de seus olhos, anseiam pelo abominável,
Indago ao Criador, meu Mestre,
Por que esses pensamentos recaem sobre minha pessoa?
Sua resposta, um silêncio elucidador,
E a voz Dele me diz:
"Não te fiz juiz, há tempos passados, tal papel era teu.
Agora, manifesta minhas obras como eu o fiz."
Esse entendimento me conduz à missão de resgatar alguém,
Mas quem seria o destinatário de minha compaixão?
Meu algoz, percebo, fui eu mesmo,
Ao ignorar o Senhor em meu caminhar solitário.
No momento oportuno, questiono meu Mestre:
Irei estender a mão àqueles que jamais me deram?
Não foste Tu quem me libertou da solidão profunda?
A resposta do Mestre ecoa com clareza:
Um bom samaritano não é aquele cujas obras atingem
Aqueles que lhe causaram feridas.
Os frutos de tuas ações devem ser destinados
Àqueles imersos nas trevas, não são teus inimigos.
No entanto, teu coração é humano,
Prepara teu sentimento para se fortalecer,
E assim, em mim, encontrarás a paz.
Essa paz não veio para semear a verdade,
Mas sim do resultado de tuas ações surgirá o arrependimento.
Atribuo a ti a minha marca, ó mensageiro,
Eu sou a mensagem a ser propagada.
O Espírito te guiará, e por ele todas as manifestações serão executadas.
Contemplo tua pequenez, que se revela grandiosa em meus olhos,
Enquanto o mundo te enxerga diminuto.
No desfecho, o Mestre persiste em revelar,
Que meu eu não deve ser meu foco principal,
Mas sim, os anais dos sentimentos passados.
Perante um amor imensurável, rendo-me,
Pois Seu molde esculpe e nutre meu ser,
Desprendido das amarras que me aprisionam.
Após tal reflexão, desvendo com clareza
O verdadeiro renascer em Cristo,
Pois, se o velho homem pereceu, que sombra ou ressentimento
Poderia ainda abraçar o novo ser que me tornei?
Se o único próximo que habita em mim é minha própria consciência,
Este pensamento ecoa, lembrete e espinho em minha carne,
Aguardando o desdobrar de um enigma,
Cuja resposta repousa além dos véus do tempo,
Onde o final se desfaz em novos começos.