Não sou o que se vê. Em um deslize,... Lucas Ferreira Torres
Não sou o que se vê. Em um deslize,
Sou o que em teus agrados tempesteia
Um tom fúnebre e rasga tua veia
Nas linhas do Destino que eternize,
Que tenebrosamente a dor te instaura
De seus lábios não teres mais tocado;
De Sêneca ao ébrio, venerado,
Sou o Tempo, fugaz e sinistra aura.
Dir-me-ás: "Que injustiça! Por que escapas
De mim quando me falta mais a vida
E fechas, prematuras, as etapas?"
Consumados os séculos, roída
Tua carne em horror, vais ver: derrapas
Na ilusão de uma fase usufruída.