QUEIMADURAS Queimei o meu cerebelo... Carlos de Castro
QUEIMADURAS
Queimei o meu cerebelo
Que fica por debaixo de algum cabelo
Que me resta
Do pescoço à testa
Na formação córnea do elemento
Que me trazia discernimento.
Crestei-o,
Chamusquei-o
Em pensamentos brutais,
Que me estarreceram
E embruteceram
No mais horrível dos mortais.
Jurei então nunca mais
Agora ou em qualquer altura,
Dar uma razão de soltura
E voltar a incendiar
O meu cerebelo
Num fogo feito flagelo
Sem ter quem o possa apagar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 20-05-2023)