É nas noites escuras que se... Felipe Alves de Souza
É nas noites escuras que se revela o sentido, aos homens que sofrem, um vislumbre atrevido. Em meio ao caos, encontram uma clareza intensa, um despertar que transcende, uma visão imensa. Em suas dores, descobrem a essência da existência, a fragilidade humana e sua plena resistência. Caminham entre as ruínas de sonhos desfeitos, e encontram, na ruína, a sabedoria de feitos, pois os homens que sofrem têm olhos mais atentos, percebem nuances ocultas, sutilezas em tormentos. Em seu desamparo, aprendem a contemplação, e se conectam ao universo, em profunda reflexão.
É na dor que se desvela a força interior, homens quebrados, mas com um brilho superior, seus corações dilacerados são oráculos, que recebem revelações que os outros não compreendem, uma luz que se acende nos abismos que ascende.
Vossas almas atormentadas, revelam-se como faróis na noite escura, pois somente aqueles que conhecem a aflição podem vislumbrar a essência da existência pura. Enquanto os outros se perdem em trivialidades, vocês desvendam os segredos do universo. Em cada lágrima derramada, uma epifania, uma compreensão que transcende o perverso.
Vossas dores são tesouros ocultos a desvelar, abraçai vossas feridas como guias preciosas, pois nelas reside a sabedoria a nos ensinar.
A dor, qual mestra cruel e implacável, desperta a mente adormecida pelo prazer, e revela, com amargura, a realidade crua, que muitas vezes preferimos não ver.
Não é a dor que traz lucidez, por si só, mas o caminhar árduo pela estrada espinhosa. É na luta contra o sofrimento infindável que o ser humano se revela em sua grandiosa prosa, foi assim que o ser humano a alcançou, a duras penas.
No âmago das trevas, onde a lucidez vagueia, surge o clarão da revelação, pesada âncora que nos rodeia. Não é o mais feliz dos homens aquele que a carrega, pois a luz que ilumina, sua alma sombria devasta.
Desvelam-se verdades cruas, impiedosas e frias, despindo a ilusão e a esperança que outrora as possuía. A consciência aguda consome, como um fogo voraz, e nas entranhas da existência, sinto-me um farrapo incapaz.
O despertar não é fértil, é infértil, e só o sofrimento é real.
A lucidez, dupla face de um destino traiçoeiro, revela-se como maldição, um fardo derradeiro, pois essa verdade crua não traz consolo algum, e o despertar da mente traz consigo o vácuo e o jejum. Emaranhado em questões sem respostas, em dúvidas sem fim, sinto-me esmagado pela clareza, na penumbra do jardim. Só tendo como companhia a angústia que me cativa, pois aquele que conhece demais, encontra-se amargurado, emaranhado em um labirinto onde não há escapado, e assim, proclamo novamente que não há vantagens, pois esse não é o mais feliz dos homens.