⁠No longo prazo todos os nosso acertos... Marina Lodi

⁠No longo prazo todos os nosso acertos são pífios e nunca seremos nada.
Só sabemos da existência de um Napoleão, dos filósofos gregos ou imperadores romanos porque, à época, o capitalismo ainda engatinhava para só então montar em alguém, e não havia a internet.
Com a internet, Dostoievski jamais terminaria um "Crime e Castigo"; que se transformaria, no máximo, para desencargo de consciência típico de gente excessivamente autocentrada, em uma crônica vulgar.
Pior: a apatia seria tamanha que ele não daria sequer motivo para ser fuzilado.
(Ao especular sobre Dostoievski, sei em quem acerto o escarro).

⁠Deus ainda está vivo, e em breve será definitivamente alçado a patrono da prosperidade financeira; mas Nietzsche está prostrado na morte e, se fizéssemos o exercício de olhar ao redor, perceberíamos que sua reencarnação é cada vez mais improvável. Os demônios que valem a pena devorar, como faziam os nossos bons índios antropofágicos, são aqueles preparados em cocção, por anos a fio, em fogo lento. E ninguém tem tempo, obstinação ou tesão para isso.

Não existe carma sem memória. Transcenderemos, todos, samsara.

8-5-23