ROSA RECALCADA Rosa formosa dos seios... Carlos de Castro
ROSA RECALCADA
Rosa formosa dos seios grandes
Com cheiros de mar nas axilas
Trazias em ti almoços de sandes
E no coração memórias de pilas.
Nas tuas pernas feitas almofadas
De sal ao sol já tão crestadas
Alapavam outras de estofadas
Peles e espumas contaminadas.
Rosa enjeitada rameira sem nada
Objeto abjeto corpo de diversão
Em que tornaram o teu destino coitada
Mulher viva e tão morta de ilusão.
E um dia na campa ao lerem o teu jazer
Hão de estar sem arrependimento
Todos os que exploraram o sofrer
Do teu corpo de fora para o de dentro.
(Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever, em 18-04-2023)