Sonata de quem ama Gostaria de compor... Marcelo Monteiro Mattos
Sonata de quem ama
Gostaria de compor o mais belo poema
inserido nos acordes do hino celestial,
cujas notas aos anjos entregaria.
A sonata da vida em cuja alma escrevi,
gravei com o sangue que pulsa célere,
em palpitar ofegante aos acordes
do coração, em movimento rítmico
e compassado de dois tempos.
Em sístole:
quando a alma geme querendo-lhe amar
em toda a essência no fulgor da chama
que arde e clama, não só desejo simples,
vulgar ou animal, também a seiva
que se manifesta e nutre o gérmen
do plasma, elevando o espírito
sobre a carne.
Em diástole:
Transmutação de uma simbiose fecunda,
associação múltipla de fatores sinérgicos
entregues ao instinto de busca ao prazer,
quiçá o limite tênue de vida e de morte.
Energia motriz, agitação;
instinto líbido, calor pulsante.
Aquece e dilata os corpos,
unindo-os ad eterno, à fusão mística,
da amálgama gerada e levados ao criador
sob a benção de o maior dos poetas
que a vida pintou e arquitetou na certeza
dos frutos do nosso amor.
Eleva a conduta ativa e criadora do ser,
em dedilhar harmônico ou desordenado,
mas tocado aos acordes de singela sonata,
impelida aos anseios de marcação surda
do contrabaixo em notas graves,
à busca ofegante que palpita
aos acordes agudos
e ressoa às esferas angelicais.