Soneto para Shakespeare Enquanto... Evan do carmo
Soneto para Shakespeare
Enquanto sirvo-te, vives a me agredir
Para ti não passo de alguém estranho
Como um cão fiel persisto em te seguir
Tua vil ofensa pra mim é doce ganho.
Assumo as faltas, não oculto o inferno
Dei tudo de mim em troca de migalhas
Fui imaturo, mas sempre amável e terno
Meu amor é puro, como são as falhas.
E que lucro eu tiro deste árduo ofício?
Sendo humilhado em troca de nada
O bem que te faço é arte de suplício.
Um dia eu me canso de tanto repetir
Terás saudades de uma alma cansada
Em pé à tua porta, querendo dividir