⁠HOMENAGEM A SANTO ANTONIO Já no... Lupaganini

⁠HOMENAGEM A SANTO ANTONIO

Já no início de vida
eu querida e desinibida
me atrevi a casar
conversei com meu Antonio
santo bondoso e discreto
pedi que de todo jeito
me arrumasse o marido certo

De joelhos em cimento
eu exigente como era
em meus pedidos e curas
pedi que me livrasse de homem ciumento.

Rezando mais um pouquinho
com meu jeitinho guerreiro
abracei meu santo Antonio
pedi um homem com dinheiro.

Desta feita os predicados
fiquei satisfeita e feliz
mas queria um homem delicado
daqueles que nos encantam com o que diz.

Mas tamanha era a lista
que a noite foi passando
e eu sem querer
os adjetivos aumentando.

Gostar de ler não podia faltar
traquejo no falar essencial
bom governante do lar
e um lorde ao amar.

Os filhos
dele tinham que se orgulhar
visto que família é tudo
e minha espécie deveria continuar,

De mais a mais
Tinha que com meu pai combinar
visto que valores que ele trouxe
Muito queria cultivar.

De vida em vida
Nada se vingaria
Se não fosse homem trabalhador
E no amor não amador

No contexto um conquistador
porque vida que é vida
tem que ter enredo todo dia
E um ar inovador

Muito embora satisfeita
com o modelo a seguir
me esqueci de mencionar
que nunca deveria partir.

Pouco depois de enumerados
Tantos dons e predicados
olhei meus pedidos
Encobrindo meus pecados

A folha já ia ao chao
olhei meu santinho querido
Meu devoto amado
a me olhar com exaustão

Seu rosto entretanto
Não me parecia santo
tamanha imposição
Do meu pedido sem educação.

E com resposta de pronto
Já que minha fé era no ponto
O Santo exausto me respondeu
Me parecendo um pouco tonto

Filha
esse homem que tu queres não nasceu
para que eu te atenda
Terei que inventar
Leva-la as nuvens

Te apresentar um poeta
um cesto de vários doces
um anjo da cabala
um mágico que te fará matriz

até o momento em que perceberes
que para fincar vida a dois
se sentir feliz
não precisas de vários adjetivos

Mas somente de um pequeno verbo
que te levará a completude
aquele que vai fazer você se dar
sem nada desejar
um pedaço do paraíso que se chama amar.