... Ao longo da vida criamos... André Villas-Bôas
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Ao longo da vida criamos mecanismos de autodefesa. Meu lado feminino, por exemplo, foi a forma que encontrei para conservar minha Mãe bem próxima. E através desta simbiose entre o dom e a dádiva, posso transformar minhas quedas em passos de dança, meus medos em escadas, meus sonhos em pontes e todas as minhas procuras em encontros.
“Filho, bons sonhos”. Ouvi esta frase incontáveis vezes, e nunca me atentei para o seu real significado. Enquanto eu dormia e sonhava, ela se mantinha vigilante e nada podia embargar o que me fazia fluir. Este campo de força camuflou minha vulnerabilidade, e invulnerável deixei minhas digitais em todos os grandes marcos da minha história.
Nada que eu fazia passava desapercebido. Sermões de correção, palavras de absolvição, beijos e abraços de comunhão. Caí do ninho, bati minhas próprias asas e nunca cheguei ao chão.
Na minha eloquência, percebo que jamais serei livre do que me liberta de ser escravo de uma vida sem você. Por isso cuido do meu lado mulher, assim tenho minha Mãe sempre aqui comigo.
Ser Mãe é um dom.
Ser filho é uma dádiva.
Você, privilégio.
Eu, privilegiado.