SUBTERFÚGIO Um dia, meus olhos... Sérgio Júnior
SUBTERFÚGIO
Um dia, meus olhos estiveram fixos no mar, era fuga.
Via beleza, grandeza e perigos, mas também refúgio.
Era só, tímido e apaixonado, lágrima que o tempo enxuga.
Via as ondas, o vento e a poluição, na cadeira do bar fechado, subterfúgio.
Ao toque da sirene, fim de intervalo, caderno, rabisco, ninguém ouve se eu me calo.
A aula, contabilidade, indiferença e cálculos, saldo?
Desamor e desigualdade.
A sala refletia o mar brigando com o vento, só provocando ondas. Inequanime com barcos pequenos, favorecendo os grandes, maldade. Eram coisas que eu não podia mudar, independente de meu esforço, era só observação.
Assim foi com o céu, o vento e as estações do ano.
Até eu me interessar por pessoas, admirar o adestrado, criticar o inconsequente e entender a rebeldia do cavalo.
A possibilidade de equanimidade é ínfima, mas porque se pode mudar, eu não mais apenas escrevo.
Eu olho, aponto e falo.
Embora exista no povo, exatamente o mesmo que existe no mar e na aula de cálculos, o mar não tem ouvidos.
Eu parei de me importar por quem finge escutar .
Sergio Junior