SACRIFÍCIO Peço a quem não tem... Filipe Feros
SACRIFÍCIO
Peço a quem não tem coração
Que não fale, nem cante
Apenas escute o que não tenho a dizer
Estou de luto, mataram-me
Hauriram minhas ilusões
Sorviram minhas surpresas
Como se estivessem bebendo meus delírios com gelo de razão
Tiraram de minha boca a deliciosa quimera
Que preparei usando minhas mágoas
Tendo como resultado de tal imolação,
A miséria iludente incarna o gosto do aziúme
Degustando assim, a índole de infesto
Tenho fome do que não existe
Sede do que não há de ser
Peço que temperem meu corpo com o fel da mentira
Fazendo da minha carne, comida para os cachorros da rua
Mas que nunca comam ela crua