POEMA DE FATO Um dia, vesti o meu... Carlos de Castro
POEMA DE FATO
Um dia, vesti o meu poema
De fraque e gravata
E lantejoulas,
Como num dia de ir à missa.
Depois, tive pena
Desta cena
E até me deu um baque
Numa bravata
De ceroulas,
Em noite de derriça.
E os deuses da poesia
Me apareceram a talho
E aconselharam:
Um poema, mesmo de elegia,
Não precisa de fato de companhia,
Basta-lhe a roupa de trabalho.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 03-11-2022)