Silêncio, pelo Luto, mas com Luta.... Graça Leal
Silêncio, pelo Luto, mas com Luta.
Em respeito aos tantos brasileiros que se dizem enlutados, depois do resultado das urnas, neste segundo turno, esta será a minha última publicação sobre as eleições 2022.
Entendam: sobre as eleições 2022, mas não sobre política.
Sou capaz, de verdade, de entender este sentimento de luto. A sensação da perda de tudo aquilo que consideramos nosso - nossa propriedade, nosso direito, nosso poder entre outros tantos "nossos" que instalam em nós a autoridade, no exercício da posse, seja diante da aquisição, de forma materializada de algo, ou seja através do afeto que proporcionou o laço - é dureza de aceitar, e lidar com essa experiência de não ter mais ao nosso alcance e domínio, no formato que demandava o monopólio, o tudo que entendemos que nos pertencia.
Esta sensação, para passar, leva tempo. É fato. Só o Tempo pode acomodar as nossas emoções, na nova realidade.
Entendo que se não somos capazes de dar colo ou o ombro amigo aos que se colocaram na condição de enlutados, o silêncio pode ser um gesto positivo e sensível.
É sério que eu não vou mais me manifestar sobre a resultado destas eleições.
Apesar do Brasil ser de todos, consequentemente ainda há muita vida pulsando nesta terra para ser vivida e explorada, vou ofertar o meu silêncio como contribuição para que aqueles que achavam que tinham, além do poder sobre o verde e o amarelo da nossa bandeira, tambem o poder sobre este território para que possam viver este luto conforme lhe é mais confortável. E torço para que reflitam sobre o direito igualitário de cada um de nós, que não estamos enlutados, sequer chegamos a este estágio, diante do governo que descartamos, dentro das nossas convicções, de votarmos e, frente as quatro linhas da Continuação, vencermos como maioria, numa escolha democrática.
Desejo que todos, unidos, sem exceção, possamos, brevemente, nos reconhecermos brasileiros iguais e na mesma luta, com um único propósito - melhorar a qualidade de vida de todo o cidadão que transita nesta geografia chamada Brasil que é tão imensa, tao diversa e tão desrespeitada, através da política que é usada para atender aos interesses dos que, eleitos, deveriam retribuir a confiança que neles foi depositada, cumprindo as suas promessas de campanha sob uma conduta mínima de decência e moral.
A luta nunca parou, desde a redemocrarização. Nem com o Collor, nem com Itamar, nem com FHC, nem com o Lula, nem com a Dilma, nem com o Temer, nem com o Bolsonaro. E vai continuar com o regresso do Lula. Porque enquanto existir um brasileiro, na condição de povo sofrido humilhado e desvalorizado haverá sempre um motivo para lutarmos por condições melhores para ele. Este que será sempre um irmão de pátria. Não importa o partido que estiver no poder.