Temos o costume de alguém,... João B. Gregório Jr.
Temos o costume de alguém,
sentimos a necessidade de tê-lo.
Esquecemos da vida sem esse,
Vivemos sempre colados um ao outro...
Passamos a condição do eu e a sombra: sendo um o tangível, o outro a projeção, esta última sempre escrava do palpável, vivendo às margens de sua exposição, escrava de seus movimentos, carente de cores, ameaçada por qualquer feixe de fótons que aconteça...
Dessa forma, o corpo sempre predomina diante da sombra, parece mais interessante, pois é o que limita seus contornos, suas formas, até seus movimentos...
Mas sempre haverá momentos que a sombra supera o molde, e isso é mais visível quando o corpo de afasta da luz! logo, o corpo não limita a sombra, mas apenas o propicia!
quanto maior for a distância da fonte de luz, maior a sombra se mostra, a cada ângulo sua altura supera aquele a quem está presa, até que chega o momento que passa a condição de escuridão!
É nesse momento que o corpo mostra toda sua fragilidade! que reconhece a grandeza da sua sombra, por não mais poder dominar ou limitar seu tamanho, passa a depender de fontes limitadas de iluminação, ao ponto da ausência de uma vela, poder gerar o pânico por não mensurar o que está ao seu redor.
Mas sou uma sombra acolhedora! eu te envolvo, desprezando o momento que você tentou se ver livre de mim, quando me torno incompreensível, é porque estou te abraçando, te cercando, ao teu redor, num silêncio tão tenebroso que causa o pânico, o medo e o desespero!
mas ainda sou tua sombra! apenas tornei-me escuridão, rimando estranhamente com solidão! como pode ser medonho o sentimento quando estou te envolvendo, te cercando, te abraçando? é porque nessas horas você sente medo de mim! se esconde em sua coberta, se agasalha pela sensação de frio, procura uma luz para tirar-me dos teus olhos que não se habitua com a densidade de minha dimensão.
Por este teu medo, espero ser novamente sua projeção, estar preso a você, viver as limitações dos teus contornos, cronometrado pelo dia, tonificado pelo ângulo do brilho que me define... até que você busque um abrigo e se veja livre de mim, por não entender que meu ser se define por você.