⁠PERDI MEU CORAÇÃO Foi no ano de... Nilce Freitas

⁠PERDI MEU CORAÇÃO Foi no ano de 2020, quando as placas tectônicas se moveram e um tsunami invadiu a minha casa destruindo todas as esperanças, Todos os sonhos,... Frase de Nilce Freitas.

⁠PERDI MEU CORAÇÃO
Foi no ano de 2020, quando as placas tectônicas se moveram e um tsunami invadiu a minha casa destruindo todas as esperanças,
Todos os sonhos, todos os desejos, toda a graça de um dia melhor que o outro.
Não acreditei na devastação que ocorreu, não ficou um móvel empoeirado de esperança,
Não ficou o chão sujo de sonhos que irão em alguns meses se realizar,
Não teve despedidas, nem o último carinho, o último adeus, o último abraço, pois sumiu como fumaça no ar,
Como nuvem escura levada com ventos fortes anunciando a chegada da tempestade triste que não iria cessar tão cedo,
As águas que inundaram minha rua, trouxeram pedras, pedregulhos, cascalhos, galhos secos, folhas secas exprimidas, magoadas, sem coragem de se erguer.
Mas ele ainda estava lá, não em carne, não,
Não na condição de feliz, alegre batendo, pulsando, circulando, não!
Ele estava criando uma crosta em sua volta, o gelo tomou conta dele, ainda que eu o cuidasse, não estava adiantando, o gelo estava dominando aos poucos.
Andei, andei para poder fazer com que ele não fosse dominado pelo gelo e nessa caminhada encontrei uma estrada de pedras amargas, outras doces, outras falsas, outras infelizes aparentando felizes, outras sem esperança, algumas inconsoláveis, outras insatisfeitas, outras com medo dos anos avançarem, outras.... outras,,,, outras....
Outra que me despertou,
Eu senti meu coração depois de muito tempo,
Procurei o iceberg, mas encontrei uma veia já aparecendo, então pensei:
Quem por mim passou, fez isso.
Olhei para trás, e só via as pedras que eu tropecei, que me machucaram, não tinha nada de bom lá.
Passado alguns meses caminhando entre as pedras de tropeço senti que eu caminhava só.
Não bate? Não pulsa? Não faz circular?
Cadê? Onde está? Em que momento isso aconteceu?
Será que foi no começo da caminhada ou no final da estrada?
Será que foi algum passageiro no trem da vida que se levantou e acho caído no chão e pegou e saiu ou eu perdi no trem e alguém pegou?
Ou será que foi na estrada de pedra onde muitas pedras havia e alguma delas esbarrou em mim e ele caiu.
Quem sabe onde está o meu coração, alguém o viu por aí?
A sua característica é de dor, revestido de tristeza e solidão, não tem em comum com quem o possuiu, pois ele chora, pulsa dor da perda, e não queira limpá-lo, pois você não conseguirá encontrá-lo saudável como antes.
Ei, você!
Viu meu coração por aí? Alguém o roubou de mim nas minhas caminhadas solitárias, você viu?
Parece com esse que você está segurando, mas só parece,
Pois ele não tem essa cor de esperança, ele não tem formato de carne, não pulsa alegria, não chora graça.
Parece com esse, mas não é.
Você escondeu o coração de mim, Por quê?
Não esconda de mim o que me pertence, somente me devolva o que você tratou com carinho.
Por que foge de mim? Por que você desvia os passos quando passa por mim?
O que você segura não te pertence, ainda que você pense que achado não é roubado, o que você tem nas mãos é meu, pois já fui roubada demais na vida.
A vida é como uma viajem de trem em que cada passageiro tem uma estação para descer, esse trem vai para a qualquer hora, e eu vou soltar em alguma estação e preciso do meu coração.
Devolva ele para mim!