Poderia ser um dia comum. Daqueles... Vanessa Loureiro
Poderia ser
um dia comum.
Daqueles que você abre os olhos
e percebe que existe uma movimentação enorme vindo de fora, essas coisas que pessoas normais chamam de
estar vivas.
O fato é que
pra mim nada que venha de fora é real, sofro de anormalidade crônica e por decisão unânime de mim comigo mesma.
Não identifico
nada que não sinto
ou que não tenha
vivido e experienciado.
Por longos anos acreditei que o
entorno de mim era o correto, ou ao menos
a maneira com que deveria nortear minha vida e meus pensamentos.
Penso que tudo
que eu poderia
querer nessa época
era ser mais uma pessoa que acredita que desperta para um novo dia, somente com o abrir dos olhos,
ou o tão conhecido toque do telefone.
Missão impossível
para mim, eu preciso sentir o que a vida
pede de essência, aquela força que vem de dentro da gente, descontrolando tudo, confundindo nossas emoções e sentimentos,
e que para total desespero,
não entram em
acordo nenhum com
o que estamos pensando.
A mente resolve
entrar em guerra
com todo nosso
sentir.
Essa mania me
tirou a paz por muito tempo, até que eu resolvi me entregar a um desses lados de uma vez.
Talvez tenha errado
em me entregar ao sentir, talvez a razão fosse o mais
inteligente meio de cessar essa guerra interior.
O problema é
que não nasci para
a superfície da vida, sempre procurei um porque…
em uma busca
eterna de um ponto
de chegada que não existe, simplesmente porque não cabe na minha realidade,
talvez por falta de coragem,
eu decidi que não gostaria de conhecer ou conviver com a vida normal e o dia a dia…
Isso não é um
desabafo, e está
muito longe de ser um pedido de desculpas, somente uma constatação racional
de que poderia sim,
ser um dia comum,
se eu me encaixasse
as leis que regem o mundo dos normais.
Mas o fato é que normalmente.
Normalidade me entedia.