Ou toda aquela lava já estava dentro... Vanessa Loureiro
Ou toda aquela
lava já estava
dentro de mim?
Quando as lágrimas chegaram,
sem perceber
misturaram se ao sangue ali parado, coagulado já pelo tempo.
O vermelho forte parecia me dizer: chegou sua hora de morrer.
Senti salgar a boca, talvez do sangue,
talvez das lágrimas.
Mas saboreei,
do melhor gosto
que já provei.
No nada tudo nos parece possível.
Nesse momento,
a meu ver,
tudo era um grande nada.
Já estava
acostumando me ao frio, ao sabor insosso.
Quando me fez
sentir a poesia,
alegria contagiante quase insana
no fio de sorriso que expressei.
Foi quando percebi
que em poesia
eu era só a mulher
trocando flores em nossa casa abandonada e vazia.
Chorei novamente,
o pranto eterno da saudade, situações mau resolvidas.
Nem mesmo
a poesia
me faria de novo totalmente plena.
E a poesia me fez sangrar, pobre mulher fantasma em suas poesias vazias.
Acredito que por um espaço de tempo a loucura me tomou.