Quatro horas da manhã aqui no centro... Tita Lyra
Quatro horas da manhã aqui no centro do Brasil
Do infinito da minha cama, parece que o mundo inteiro dorme
Sinto-me absolutamente solitária no meu planeta insônia
Nem sequer consigo imaginar o burburinho
Que acontece agora em um centro urbano nervoso do outro lado do mundo
Aonde já são quatro horas da tarde.
Aqui, no meu cárcere com olhos vendados
Eu e eu travamos uma luta tão grande
Para conquistar o único troféu que de fato ora me importa:
Os braços de Morfeu!
E ele parece tão distante...
A luta cresce. Vejo-me em uma arena romana
Enfrentando bestas de três cabeças
Atenta aos perigos da noite
Sem nenhum ser vivo nas galerias a torcer pelo gladiador que incorporei
Porque o mundo dorme.
Dormem os cães de guarda.
Dormem os meninos levados.
Dormem os vigias noturnos em suas Japonas azuis
Dormem as ruas serenadas
E até as folhas caídas no chão.
Só não durmo eu:
Farol aceso em meio a este oceano escuro e gigante
O qual se torna mais e mais revolto
Só me resta torcer para que, como náufraga extenuada,
Minha mente escute uma canção de ninar
Antes do sol raiar...
Tita Lyra