.sonhos. *conversas* e [pensamentos]... i.a.q.
.sonhos.
*conversas*
e [pensamentos]
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Sonhei que vivia uma vida boa.
Família, amigos, namorado.
Avisaram-me as anciãs: chegou a data limite. Os maiores de 18 anos devem morrer.
Despedidas.
Vai doer?
Muito. Depois fica quentinho.
Oração.
Tranquilidade.
Injeção.
Por favor pai, me dê uma vida boa.
Morte.
Vida nova.
Havia a noite, as estrelas e os planetas.
Mulher. Mãe.
Você vai me guiar?
Vem. Vou te explicar tudo.
Você vai ter que aprender a lidar com algumas coisas.
Fotos.
Essas são as pessoas que estarão na sua vida.
Olhei para uma prateleira.
Cartas de tarot empilhadas.
Peguei. Derrubei.
Sou uma desajustada.
Fora do meu novo corpo, perguntei a mim mesma: você não consegue decorar as cartas?
Me respondi: você exige demais de mim.
Nossa alma dividia o mesmo tempo e espaço.
Igual.
Mas diferente.
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Sonhei com um homem.
Ele era muito grande.
Dentro do mar, ofereceu-me um pirulito colorido.
Tentador.
Perverso.
Senti medo.
Deveria aceitar seu doce?
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Sonhei com insetos.
Grandes, vivos, mortos.
Chorei.
Berrei.
Senti desespero.
Um homem com sua cartola preta entrou no quarto.
Sua aura era azul-escura.
Saudei: Laroyê, Exu!
Ele me disse: ouvi seus gritos lá de longe.
Sou Exu Caveira.
Um ponteiro é bom para fazer oferenda.
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*
A cabocla falou.
Se tem uma coisa que mãe Oxum quer que você saiba, filha, é que é pra você parar de ser besta.
As pessoas se aproveitam da sua bondade. Aprenda a dizer não.
Você não está ouvindo seu guia.
*
*
O boiadeiro me perguntou: você quer fazer parte disso aqui? Vestir o branco?
Quero muito.
O boiadeiro sorriu: eu sabia! Reflete essa semana. Me procura na próxima gira.
*
[será que é a hora?]
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Sonhei com um demônio.
Ele tentava me dopar para se aproveitar de mim.
Corri.
Corri muito até um altar.
Acendi uma vela.
Ele não podia me pegar com a vela acesa.
Alívio.
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[é um sinal?]