Eis minha carta para o seu coração... Thiago Biscarde
Eis minha carta para o seu coração
Em papel claro, comecei a pensar
Pus minhas mãos sobre a folha, como forma de esquentar.
Sentei-me, e em frente à máquina, comecei.
Engraçado notar que, a cada letra apertada, o som ecoava.
E a cada ecoar, a folha era marcada.
Tinta, papel, mãos, pensamentos…
Pensamentos distantes trazidos à tona, formando letras e frases guardadas em mim.
Letras em forma de quebra cabeça, sendo montada parte a parte por sentimentos e afins.
No decorrer da escrita, evitava dar o espaço entre as palavras.
Até parecia loucura, mas os espaços lembravam a distância entre nós.
A forma das letras mostrou-me algo implícito!
Batendo vagarosamente dedo a dedo, pude
sentir nas bambas teclas solitárias, a junção de cada letra, e das letras foram formando palavras, e das palavras fui criando você em versos, que antes eram soltos, agora estão diante de meus olhos.
Escolhi a forma antiga de escrever
totalmente diferente dos dias atuais, onde necessita de coisas para nos ligar.
Fiz de meus sentimentos o ponto que liga nós dois
Sem vírus, sem medo, conexão única.
Assim que parei, peguei a folha em mãos, e com cuidado pude sentir que, na frente existe uma história completa, um conto,
cheio de altos e baixos, colorida, falante.
Com personagens que por vezes brincavam de serem felizes, outrora eram calados.
Mas na parte de trás da folha, escondido dos olhos, ficou o relevo de cada letra apertada, de cada história, sem tinta, sem cor.
Do personagem que ficou cego de amor
Uma história diferente, sem começo, nem meio e talvez com fim.