⁠Aquavia Como a fonte que jorra,... Maria Lúcia Alvim

⁠Aquavia Como a fonte que jorra, ambivalente, marejados de sono, navegamos – que esse rio de amor e de abandono seja leito comum para quem morre. Impelidos à ma... Frase de Maria Lúcia Alvim.

⁠Aquavia

Como a fonte que jorra, ambivalente,
marejados de sono, navegamos –
que esse rio de amor e de abandono
seja leito comum para quem morre.
Impelidos à margem da corrente
sacudimos a tarja temporária -
e a alma se evapora: tarlatana
sobre a nossa nudez contraditória.
Na umidade do riso, no desejo
impreciso e profuso, pelo pranto
que no calor das órbitas poreja,
Ah, transidos de frio, patinamos
entre quiosques, domos e coretos
sem nada surpreender ou consumar.

Maria Lúcia Alvim Romanceiro de Dona Beja. Rio de Janeiro: Fontana, 1979.