Humilde delícia Cavalgando com meus... Ricardo Melo
Humilde delícia
Cavalgando com meus pensamentos,
Com a viola me penho chorar..
Lembranças da infância,
La na roça começo a poetizar.
O fogão de lenha suspira ilusão,
Me trás inspiração com a chaminé
O bule de água fervendo,
Esperando passar o café.
No grotão canta a saracura
La no galho o galo carijó
Abre as asas e dá o seu grito
Pedindo pra sair do paió
O moço matuto é de coragem
Vai pro mangueiro tirar o leite,
Nove vacas leiteiras,
O sabiá canta vantagens.
Viola cabocla retalha
O cavalo na grande cerqueira.
Acordou o João de barro
Arquiteto da grande paineira.
O ronco barulhento no chiqueiro
Poucos com fome chorando
O cachorro late na gruta
A galinhada desce do poleiro.
Lavoura sedenta apurada
A semente se joga do pote
Crava no solo que brota
Cobertas por tantos pinote
Ah! Se eu pudesse voltar
Colheria o milho regado
Ralava no ralo improvisado
Pamonha pra todos no taxo
A vida na roça não é leve
É um paraíso tranquilo
Calo nas mãos da mamãe
Espuma branca de neve
Tudo é sintonia
A radiola se esfola
Tudo que se faz é euforia
Ecoando moda caipira
Safra do arroz e do feijão
Safra do trigo e do algodão
As plumas de fibra enganam
Até o caboclo no ardoso verão
No rango caipira é assim
Chapa de ferro forjado
Bacon ,ovo e linguiça
Não tem quem resista
Essa vida humilde delícia
Autor: Ricardo Melo
O Poeta Que Voa