Um resto de ilusão De mil maneiras... Elizeth M. Cunha Valle
Um resto de ilusão
De mil maneiras me esconder,
Ser gentil quando não quero ser,
Sorrir, quando o desejo é chorar.
Tentar, de verdade, relevar,
Se a vontade é desistir, é esquecer.
Esquecer-me de quem me faz mal,
De quem não sabe ver o outro, ser plural.
Sair de fininho, sem olhar pra trás,
Buscar só o que é bom, o que me traz paz.
Abandonar tudo e quase todos:
Os olhares tortos, os sorrisos desleais.
Esquecer Gênesis, escolher Êxodos.
Acreditar que existe além, que existe mais.
Ampliar meu singular Universo,
Escantear tudo o que é adverso.
Parar de tentar agregar,
Aceitando que é hora de deixar, de aceitar.
Aceitar que o mundo não é linear,
Que, às vezes, o mal pode vencer,
Que o bem pode arrefecer
E que você é só uma peça neste limiar.
Mas acreditar, sobremaneira,
Que pode bastar a sobra da bondade,
Para fazer da vida a hospedeira,
Da alegria plena da nossa humanidade.