A anestesia do pecado Inoculo debaixo... Felipe Matos
A anestesia do pecado
Inoculo debaixo de minha língua o veneno torpe
Sinto meu coração se fartar com anestesia, enquanto minha alma se dissipa da presença divina
Ora, entendo que sua silhueta não deve ser confundida com a do pecado
Mas sem atender á meus ídolos de pó, meu nome na sepultura já estaria prostrado
Meus dias andam inférteis como o vale da morte
Quando a esperança parece alcançar-me, estremecido, o Diabo e sua fúria vem a galope
É como se tivesse com seus próprios punhos, ó senhor, desfigurado minha face
E ao cobrir meu rosto com um véu, acusasse me de vaidade
Mas murmuro como filho, membro da noiva que aguarda por seu eminente resgate.
Vencido outra vez pelo anjo, o veneno inoculado retorna a escorrer pelos meus lábios
O vórtex do pecado, no fim, tarda minha percepção do dano por mim mesmo causado.