⁠O matuto na madrugada Generosa é a... Maria de Lourdes Terumy...

⁠O matuto na madrugada Generosa é a lua A rua é malvada Desvairada é a ladeira A calçada uma estribeira Onde rola aquela bola Saltado de uma janela Tropeçando a... Frase de Maria de Lourdes Terumy Suzuki Nishimura.

⁠O matuto na madrugada

Generosa é a lua
A rua é malvada
Desvairada é a ladeira
A calçada uma estribeira
Onde rola aquela bola
Saltado de uma janela

Tropeçando ali na pedra
Cambaleando
Foi xingando cada quadra
O matuto atrás dela

Bola espera eu
Os dos outros já foi meu
O dono da bola gritou: é meu!
A bola desceu
O matuto correu
Mas da bola não se esqueceu
E a lua já sumiu
Amanheceu!

Tudo voltou ao que era
O matuto na estribeira
O dono não desistiu da bola
Mesmo achando que ela já era

O perdido foi achado
Achou ter ganhado o guri de pés descalços
Sob os percalços da vida, largado
Agarrou a bola
E não soltou mais ela

Larga ela
Disse a velha dando - lhe uma cintada
Você roubou ela, muleque atrevido
Deu-lhe no ouvido, uma tapada
A bola pela velha foi cortada
E se bem duvido
O matuto pôs ouvido
E reclamou dela
A velha disse: já era!

O dito ficou pelo não dito
Acredito, quase dois dias rolou
A lua novamente apareceu
O matuto disse muleque maldito
Enquanto isso o dono chegou
Apontou a arma e no matuto atirou
Dizendo seu ladrão, você me roubou!

A lua desvairada
Não podia fazer nada
Mesmo quem estivera na calçada se calou
O guri muito mais ainda apanhou
O dono da bola sumiu
O matuto morreu
E a polícia nem apareceu!