⁠Céus e terras, os astros lá no alto... Thaysminy Marques Coelho

⁠Céus e terras, os astros lá no alto do meu prédio; uma coruja comendo besouros no ar, próxima ao poste de luz, enquanto ela esfrega o rosto dela em meu torso. Aqui do alto, os meus dedos, mais leves do que uma pena, roçam dançantes sobre sua coluna. A coluna. A coluna que sustenta o cóccix. O quadril. A montanha. As coordenadas do Monte Fuji escondidas sob a pele.
Ela finge assistir à TV enquanto afunda cada vez mais a sua cabeça no espaço curvo do meu ombro. Penetrando a minha pele pelos fios do cabelo. Primeiro. Sutil e elegante como tudo que eu gosto nessa terra. Como todas as coisas mais divinas dessa terra.
Eu fecho os meus olhos como em uma prece. Pelo amor de Deus me toque mais fundo. Fundo. Dentro de mim. Traz esse cabelo pro meu nariz, dentro do meu olho, suado na minha boca.
E então minhas preces são ouvidas.
Ela traz o braço comprido até a minha barriga, afundando a ponta dos dedos cada vez mais duro na carne. A digital na altura da minha vesícula, sendo carimbada até o meu peito direito, descendo, procurando pelo Ílio. O apertão curva perímetros da minha pele sob a pele dela. O encaixe. O calor subindo das veias entre o Carpo até a Falange. E eu só continuo pedindo de olhos fechados, pelo amor, não me solta. Coloque dentro de mim as melhores partes de você. Coloque a respiração quente e arfante dentro do meu ouvido. Esse olho castanho esverdeado, desaguando e cerrado sobre o meu nariz, pedindo a Deus para enxergar com os dedos onde, onde dentro de mim você consegue ir mais longe. Onde as cores vibrantes brotam da minha córnea. Onde toda a minha energia pulsa em sua mão. Vai. Pede para Deus pra te aterrar na minha cintura. Ofegante. Enquanto você me faz beber da sua saliva e entrar no buraco escuro da sua boca. Eu peço, aterre ela na minha cintura, planta essa sua matéria no espaço onde o mais doce jorra de mim. Onde a vida nasce em todos os sentidos.
- 23/11