Serena Manhã Serena manhã dos... Daniela Mattos
Serena Manhã
Serena manhã dos orvalhos perdidos
Dos silêncios em abraços distanciados
Teus sinais marcaram meus dias e tempos
Trouxeram-se afeto e aprendizado.
O incerto tomou-me em dias a fio
O medo corou anoiteceres adentro
Mas foi nos dias de flores tardias
Que entendi teus sinais de ternos segredos.
Serena manhã das melancolias
Da falta de abraços, carinho e abrigo
Chorei junto a ti, em dias tristonhos
Alegrei-me em teu colo
Nos dias de frio.
Serena manhã, ventre dos nasceres
Que em ternura anuncias à tua chegada
Mesmo em dias turvos e cinzas
Afagas minha face, para outra jornada.
Serena manhã dos dias reclusos
Em que o sol da janela esqueceu de chegar
Enxugas minhas lágrimas em força e coragem
Trazendo esperança para meu caminhar.
Serena manhã dos anúncios tardios,
Abres as frestas para meu olhar
Mesmo nos meses de longa espera
Renasces em sonhos para minha alma afagar.
Serena manhã das lonjuras inquietas
Que em segredos insistem em continuar
Brotas em flores, enfeitando meus dias
Bordando meus medos, num esperançar.
Serena manhã das vozes perdidas
Das canções silenciadas que insistem em cantar
Teu orvalho acalma e acarinha meu ser
Num embalo suave, feito canção de ninar.
Serena manhã és vida sentida
Num convite me animas para despertar
E mesmo depois dos desassossegos
Alegro-me em ti para continuar.