⁠A SOBREVIVÊNCIA - MANGUE - Recife -... Cyl Gallindo

⁠A SOBREVIVÊNCIA - MANGUE - Recife - POEMA I E a ponte esvai-se pelo rio
trêmula navegante nula;
nas suas cáries residimos
logicamente crustáceos. Bípedes arqui... Frase de Cyl Gallindo.

⁠A SOBREVIVÊNCIA - MANGUE

- Recife -

POEMA I

E a ponte esvai-se pelo rio
trêmula navegante nula;
nas suas cáries residimos
logicamente crustáceos.

Bípedes arquitetando sombras,
planos rostos refletidos: nunca,
no aquático espelho dos sobrados
sustém o eco dos sentidos desusados
que mordem das impegadas mãos o tato.

Incerta lama convivida:
alma lama reanscida ao sol.
Anfíbio (caranguejos, siris, meninos)
o peito ereto, as mãos para cima,
trazem as bandeiras de medalhas-lama.

Do céu ganhou a armação
em ossos; um nato esquife.
E o recheio, que lhe desse o rio.
Lá na Ponte Giratória, por mais que gire:
ossos que vivem a sobreviver de ossos!

(Publicado na antologia Presença Poética do Recife, de Edilberto Coutinho, Arquimedes Edições, SP, 1969 e 2ª edição, UFPE, 1977.)