Por muitos anos, fui um astuto... Jefferson Freitas.
Por muitos anos,
fui um astuto pirata,
tive marcantes aventuras,
passei por vários lugares,
conheci muitas pessoas,
poucas, as confiáveis,
consegui algumas vitórias,
escapei de alguns entraves,
tive algumas paixões,
mas nunca um amor de verdade,
vivi assim por bastante tempo,
até chegar aquele fatídico momento
Quando, após uma árdua batalha,
perdi toda a minha tripulação,
milagrosamente, consegui escapar
daquela terrível situação,
depois, fiquei cansado
de tudo e de todos,
resolvi seguir meu próprio caminho,
solitário, sem um rumo exato,
neste meu grande navio,
desde então, tenho velejado,
ancorando em algum porto
só quando realmente necessário,
por estes mares,
já enfrentei o sol escaldante,
ventos fortes e tempestades,
mas também desfrutei
de brisas, de belas paisagens
e de momentos de tranquilidade,
há alguns dias, cheguei neste arquipélago, onde estou ancorado,
um lugar deserto e bem afastado
que aparentava não haver nenhum morador
até que, há trinta noites, isso mudou,
estava contemplando as estrelas
quase num total silêncio,
ouvia apenas as ondas do mar
e, às vezes, os assobios dos ventos,
quando, repentinamente, pude ouvir
um canto suave e muito atraente,
fui surpreendido, nem sonhei
que pudesse existir um som tão lindo,
não pude resistir, precisava descobrir
de onde vinha,
olhei, várias vezes a minha volta
sem sucesso, até que avistei
sobre algumas rochas
às margens de uma ilha próxima,
um ser esplêndido cantando
que da cintura pra cima,
era uma mulher de uma pele macia,
uma face delicada,
cabelos cumpridos
e olhos de um brilho raro,
enquanto que, na parte de baixo,
possuía uma calda cheia de escamas
de um tom dourado,
senti uma forte euforia
que nuncatinha sentido antes,
olhava-me profundamente
que parecia que já me conhecia,
sensação hipnotizante,
tentei aproximar-me, mas,
infelizmente, ela assustou-se
e preferiu afastar-se,
frustrado, fiquei refletindo
muito sobre aquele fato ocorrido
até pegar no sono,
depois do dia ter amanhecido,
acordei, já de cabeça fria,
acabei lembrando que já tinha
ouvido muitas histórias
sobre aquela criatura,
que tratava-se de uma sereia
daquelas que atraíam os navegantes pra uma morte certeira,
entretanto, penso que assim não seja,
que, talvez, apenas, os fizessem
ignorar as suas vidas antes
deles conhecerem-nas.
Durante todas estas noites,
tenho tentado revê-la
e não penso em desistir,
não sei o que me aguarda,
quiçá, eu pereça,
mas sinto que, finalmente,
encontrei uma razão pra estar vivo,
se estás lendo estas palavras,
é muito provável que eu já tenha fisicamente morrido,
entretanto, certa vez, disseram-me
que só se morre de fato
quando se é esquecido,
então, escrevi está carta
e coloquei nesta garrafa
a fim de que alguém a encontre
e saiba da minha existência
e da minha história.
Viver pode ser uma grande aventura
ou uma intensa loucura,
vezes, pra uns, serás um sábio aventureiro,
em outras, pra outros, serás um louco,
melhor não dar tanta atenção.
assinado, Capitão Fer que, finalmente, encontrou seu propósito.