A esperança sobrevive, carcomida,... Lidia Lorena Corrêa...
A esperança sobrevive, carcomida, esquelética, tentando respirar entre as descomunais montanhas de dúvidas que triunfam, dia após dia, sobre as expectativas que brotam, sem raiz, nos meus pensamentos.
Que é quem eu sou, não rosto, não braços, nem mãos, corpo. Sou mente e apenas mente serei, talvez para sempre, ou não...
Quando há certeza, há caminho, porto seguro, cais. Ainda que seja certeza do mal, da tragédia iminente, da surra que o destino nos dá, vez ou outra. Quando sabemos o que está por vir, é muito mais fácil lidar, reagir, tirar de letra, como dizem por aí.
Mas é a incerteza que mata.
Não saber qual será a próxima cartada do acaso, mas sentir que ela está prestes a acontecer.
Alguns chamam de ansiedade. Que seja. Eu chamo de desespero da incerteza. Quase um delírio. Medo desatinado.
Mas sigo, sigo sempre. Imaginando se, à beira do precipício, esse fiozinho de esperança será suficiente para segurar meu espírito em queda.